domingo, 15 de fevereiro de 2009

Sem Regresso!


"Nunca quis saber nunca quis acreditar
Que eu iria partir não podia cá ficar...nunca quis escutar muito menos quis ouvir
O meu silêncio que avisava a intenção de não voltar
Podes crer
Bem que me disseram para nunca me agarrar a uma pessoa...a um lugar
Podes crer
Queria ver queria saber
O que fazias tu que estás aqui a observar
Tás a ver tás a perceber
Pode ser que um dia a gente volte a se encontrar
Agora embora, agora sem demora
Deixa-me ficar aqui sozinha p’ra pensar
Embora agora que a minha alma chora
Como disse alguém
Vou-me perder para me encontrar!"
.....
Fui sem me despedir
Sem dar qualquer justificação
De armas e bagagens...
Com malas de cartão
Sem medo de partir e Sem hora nem dia para regressar
E assim...
Fui pra te esquecer...fugi pra não te poder (voltar a) perdoar!

Uma Questão de Hábito



Habituei-me ao escuro da noite como pano de fundo
ao som do silêncio,
à vista para o mar,
às luzes ao longe
à monotonia do luar...

Habituei-me a contemplar a madrugada muda! Abro a janela e procuro pelo ar, fresco, que me incentiva a pensar, que me cativa todas as noites fazendo-me respirar. Fecho os olhos...respiro fundo, lentamente, cada vez mais lentamente, ouço o bater do meu coração e penso que não quero ouvir mais nada, nem sentir, nem tocar, nem fugir, nem ficar assim...só quero ouvir no redor do silêncio...a minha, morta, pulsação!

Habituei-me à perfeita simetria do papel em branco, da caneta azul, sempre em harmonia à mercê da minha escrita, do meu desabafo tardio, da minha vaga inspiração...vazia.
Habituei-me ao hábito de escrever o que sinto, transmitindo sempre aquilo que vejo, que escuto, que penso, o que saí quase por instinto.

Habituei-me ao gozo que dá brincar com as palavras, com rimas, com versos, com adjectivos, a escrever quando preciso de esclarecer comigo aquilo que se passa; quando não me sinto eu...quando a vida me leva a pensar, quando o tempo é mais covarde do que salvador, quando tráz mais amarguras do que um bom sabor, quando a dúvida se instala, quando o medo e a raiva se juntam ao ódio, ao ciúme, ao desespero, à dor...quando tudo é falso (até o chão que piso), quando os sonhos são pequenos de mais para voarem sem mim, quando o desamor e o dissabor de tantas lembranças, saudades e recordações me deixam a olhar para a lua com desalento, com lágrimas confusas que escapam lentamente dos meus olhos...quando preciso de passar tudo isto para um papel.

Habituei-me a viver um dia de cada vez, sem planos nem tarefas nem para agora, nem para amanha, nem para depois. Sem saber o que vou fazer em cada dia seguinte, sem riscos a correr, sem desafios para enfrentar...sempre a mesma monotonia, o mesmo objectivo, a mesma cor, a mesma solidão, a mesma companhia..a minha e só a minha. A mesma saudade..de mim, de ti, dele, dela, deles, delas, do mundo todo..de todos os que tenho saudades.

Habituei-me a todas estas coisas e a tantas outras a que os últimos meses me têm ensinado a habituar...é monotono? É! Mas é calmo, é simples...foi a isto que me habituei...a uma questão de hábito!