sexta-feira, 13 de março de 2009

Pudesse Um Olhar...


Pudesse um olhar transmitir tudo o que sinto
Pudesse um olhar descrever tudo o que vejo
Pudesse um olhar desvendar o horizonte e o infinito
Pudesse um olhar dar-me muito mais do que aquilo que desejo...

Ah... pudessem os meus olhos, sempre, falar por mim e quebrar a névoa que há entre mim e o espaço.
Sinto ao longo do tempo o desgosto, preso e acorrentado, no rosto de gentes que passam, diariamente, por mim. Cada olhar uma mágoa, uma tristeza, uma angústia, uma dor, uma lágrima, uma tremenda inquietação, uma ferida que não foi curada, um ressentimento, uma raiva acumulada, um ódio eterno, um veneno que não mata mas corroí, um fundo sinistro, um pensamento distante, outros são apenas olhares vazios dentro de mentes profundamente desarrumadas e confusas e são poucos os olhares satisfeitos e felizes que se cruzam com o meu.

O sentimento de afundar, de crise e de não ter motivos para sorrir está cada vez mais presente nos olhares de tanta gente...isso estraga, mata por dentro, destrói....não mata, mas moí!
Devia um olhar poder mudar todos os outros, mudar mentalidades, corrigir erros e atrocidades...devia um olhar poder levar-nos a utopias, dar-nos tantas fantasias quanto muitos querem e desejam, um olhar deveria bastar, devia ser o suficiente para um dia te poder tocar.

Se um dia eu poder ir ao fundo dos teus olhos encontrar o meu olhar perdido e conseguir ver aquilo que vês, sentir tudo aquilo que sentes quando observas o mar e tentas perceber o infinito...quando me tentas encontrar para lá de onde as estrelas se afundam. Se um dia vir o teu olhar numa noite perdida como esta e mudar tudo aquilo que sinto, fazer o tempo voltar atrás, trazer o passado longínquo e encontrar-me, encontrar-te, viver, sorrir no teu sorriso, entrar no teu estranho mundo e flutuar suspensa...no teu olhar!
Pudesses olhar para mim e sentir-me...
Pudesse um olhar mudar o mundo!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Viagem à Terra do Nunca


Começa com uma manhã cinzenta, com um toque, com o despertador. Não há planos nem agenda, não há viagem, não há carro nem condutor. Só o horizonte, o infinito e o seu esplendor!
Espreito pela janela, não há sol, é cedo e vou devagar. Saiu para a rua quase sem destino, numa partida sem hora para chegar.
Lentamente caminho e vou...sem pressa, sem horas, só eu e só a minha companhia. Na mente tenho o espaço idealizado, o percurso (mesmo sem saber se é o certo ou o errado), e as gentes que não vou esquecer nunca, que não saem da cabeça, que estão gravadas devido à marca que deixaram, quase sem se aperceber. Então continuo caminho e dá-me gozo pensar que não estou sozinha, que ainda estão todos comigo...eternos amigos, eternas memórias, eternas companhias, eternas glórias e..unicamente disso se trata, de recordações eternas...mais nada e nada mais!
Continuo a viagem e com a distracção dos pensamentos, esqueci-me por breves momentos do que percorri e de que forma cheguei até aqui. Sei no entanto que estou perto, que falta pouco e que estou quase a chegar.
Por entre frases, palavras, letras, horas, minutos e segundos, rimas suaves, ritmos leves, reflexos, luzes, gritos, risos e pequenas outras coisas...tudo faz eco dentro da minha cabeça por esbarrarem uns nos outros sem saberem em que gaveta se arrumar. Sinto que estou confusa e que nem um mapa me consegue guiar-me na rota correcta.
Mais um passo, mais um minuto, mais uma expressão sinistra, mais um olhar vazio e eu que não encontro um atalho para lá chegar.
Já cansada do duro caminho e de tanto que percorri...finalmente encontrei o que procurava! A Terra do meu sonho, a Terra (da noite perdida e deserta) onde quero ficar, se não for para toda a eternidade, que seja para sempre enquanto eu aqui quiser ficar!
Nesta Terra encontrei dias quentes de Sol, sorridente, noites longas e profundas, encontrei a Paz que só aqui poderia encontrar. A ponte que imaginei, as casa velhas em volta, as janelas cor de prata, os jardins em volta e o gigantesco mundo feio à escala da minha modesta imaginação que por muito que queira não consigo encontrar palavras para a descrever!
Quero apenas mais tempo aqui, mais uma noite, mais um passo, mais um momento que dure para a eternidade, mais disto, mais daquilo, mais, mais e mais disto e daquilo e de tudo o resto...
Uma coisa é certa...eu estava a sonhar! No fundo a ilusão do meu sonho falou mais alto e eu deixei-me levar! Tudo isto não existe na realidade. Não passou tudo de uma noite; uma noite em que quis fugir de tudo, em que talvez tenha pensado esquecer quem sou, quem quero ser, uma noite em que me quis refugiar bem longe do meu mundo e caminhar na direcção de uma Terra fantasma que nunca existiu!
Acordo!
A luz da noite encandeia-me e mostra-me a dura realidade que não quero ver. Dali a horas é mais um dia que começa, a mesma rotina...os mesmos planos...Não tarde anoitece e talvez eu volte a "fugir", um outro sonho, uma outra viagem e mais uma Terra perdida e do Nunca...