quinta-feira, 25 de abril de 2013


"Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um espetáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário."  
 
                                                                                                                                        Fernando Pessoa

quarta-feira, 24 de abril de 2013


As maiores dores são invisíveis aos olhos, são apenas vistas pela alma. São sentidas no coração, processadas no nosso interior mais recôndito e têm a capacidade de ferir sentimentos, conseguem fazer-nos retroceder ao mais ínfimo pormenor da última dor que sentimos antes desta e deixam marcas difíceis de apagar.

Sente-se o tapete fugir debaixo dos pés, como se nos arrastassem amarrados dos pés à cabeça e sem qualquer sensibilidade, sem reflexos, sem acções. Imóveis vamos para um lugar desconhecido, é o abismo do medo somado com a revolta da alma.

Estranho estar aqui. De novo aqui. Neste sitio onde já estive, a sentir a mesma dor de outrora, o mesmo pensamento, o mesmo medo e o mesmo sentimento, esmagador, de revolta aliado à força e à esperança.  

Somos pequenos, relativamente pequenos. Só a alma sente a dor, só a força combate o medo e só a esperança nos leva mais além.

 
 
A maior dor não é a que os meus olhos vêem. É aquela que a alma não vislumbra, mas sente. E dói!

 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Gestos Consumidos

Os gestos consumidos e repetidos,

Os olhos de um castanho quente, ardentes e inundados de brilho,

As pestanas longas, fixas no redor que sou apenas eu…

Pele sobre pele e os dedos entrelaçados, a tua mão na minha,

O fogo que insiste em queimar sem se ver, em arder sem se fazer notar, faz-nos querer mais e mais…

As mãos já não vêem onde tocam, já conhecem todos os caminhos, já sabem onde todos irão dar.

Nestes momentos não existe tempo, as horas apagam-se, os minutos desaparecem e os segundos deixam de contar. O planeta desliga-se e não existe mais vida à nossa volta: a flora e a fauna extinguem-se, o Sol consome-se e a Lua simplesmente apaga-se. Não há luz, não há som, não há mais nada. O Universo resume-se a duas pessoas: tu e eu.

A minha pulsação dispara e sinto que a qualquer momento o meu coração pode parar, é aí que sinto ainda mais o teu toque, sinto os teus dedos a apertarem cada vez mais a minha mão, fecho os olhos e amarro-me mais em ti, como se não houvesse amanhã, como se o oxigénio fosse terminar a qualquer momento.

Amarramo-nos sem cordas e ficamos atados à realidade do momento, os nossos lábios tocam-se suavemente, espelhando a ternura que todo o nosso corpo explode. Os nossos olhares cruzam-se e sinto que o calor do fogo, que insiste em queimar, quase queima as nossas gargantas, quando os lábios se juntam mais e se perdem um no outro.

A gravidade passa a zero, quando subimos acima da estratosfera e deixamo-nos envolver mais e cada vez mais, um no outro. Sinto-me hipnotizada perante a tua presença e sinto que também eu tenho um efeito magnetizante sobre ti. Nesse momento passa-me pela cabeça, que juntos percorremos um número infinito de constelações, sem sequer sair do mesmo lugar.

Perdemos todos os extras desnecessários: os medos, os complexos e todas as dúvidas e os nossos corpos há muito tempo que estão unidos, como se fossem apenas um. As mãos fazem com que os gestos se consumam e consequentemente as nossas pulsações aumentam, o ritmo cardíaco detona como se de uma bomba atómica se tratasse, as mãos percorrem os dois corpos, como se estes fossem mapas prestes a serem explorados, os olhos abrem e tu olhas-me com carinho. Sinto-te perto, quente. Sinto-me ciente da realidade, por segundos, sinto o fogo ardente do resto dos gestos, a febre desta alucinação com um misto de loucura, ternura e amor. Sinto-me bem. Tu abraças-me, envolves-me mais, os teus braços cercam-me e ao mesmo tempo as minhas mãos não permitem que te afastas nem um milímetro de mim. Falas baixinho, ao meu ouvido. Eu escuto-te, dou-te um sorriso e devolvo-te uma resposta, também ao teu ouvido. Interpreto os teus sorrisos e devolvo-tos. Os beijos repetem-se, abraçamo-nos consecutivamente e sentimos que pertencemos um ao outro. Não existe ninguém que consiga igualar o que sentimos neste momento.

Lentamente a realidade volta a existir, insistimos em que ela se faça sentir lentamente, nenhum de nós quer afastar-se. O tempo começa a restabelecer-se: segundos, minutos e horas. A gravidade volta e a vida na Terra faz-se sentir. Era apenas ilusão nossa.

Os gestos voltam a consumir-se e eu vejo os olhos castanhos quentes cruzarem os meus. Envolvemo-nos num abraço ternurento e confortante, onde não me importava de ficar para toda a vida. Pudesse o tempo parar para eu poder permanecer assim até à eternidade.

 Nesse momento tu aproximas os teus lábios do meu ouvido e dizes-me baixinho: “Amo-te”…

P.S: Eu respondo-te: “E eu Amo-te a ti!” 

Ser Feliz


"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não me esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo e que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e tornar-se um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."



                                                                                                            Fernando Pessoa

O Sol não vê até o Céu limpar...


 
Nunca se está preparado para os golpes que a vida nos prega, nem existe uma maneira fácil de aceitar a verdade das coisas e aceitá-las. É sempre injusto, é sempre duro e é sempre inevitável que haja uma aceitação do que for surgindo.

Nunca ninguém disse que os dias eram nossos, ninguém prometeu nada, nós é que sempre acreditamos na eternidade das coisas e sempre julgamos que as madrugadas eram todas nossas...que terrível ilusão. Iludimo-nos, julgando-nos donos de tudo, incluindo da nossa própria vida, mas ao que parece nem essa nos pertence.

Vivemos submersos, tantas vezes, de falsas verdades, amarrados às ilusões e ancorados aos nossos próprios problemas: ao nosso tempo (ou à falta dele), ou em nós mesmos. Esquecemo-nos facilmente da fragilidade da vida e dos momentos que nela vivemos, que não tarda não irão passar de meras recordações, frágeis recordações. Esquecemo-nos de viver um dia de cada vez, como se ele fosse o último, esquecemo-nos de viver tudo de todas as formas, de viver intensamente, esquecemo-nos de demonstrar os nossos sentimentos e de sorrir e amar como se o amanhã nunca mais acontecesse. Estamos sempre tão ocupados que nos esquecemos de viver. Pois bem, é nestas alturas que os golpes duros da vida nos atingem, é quando menos esperamos, é aí que nos escapa o tapete debaixo dos pés e acordamos numa realidade dura e tantas vezes injusta.

São nestes momentos que sentimos nascer em nós (ou renascer) forças que não se sabe muito bem de onde vêm, simplesmente aparecem. Nestes momentos a revolta dá lugar à esperança, esta que é o único sentimento capaz de vencer o medo. É aí que sentimos quem realmente nos faz falta e quem são aqueles essenciais, cuja presença será sempre preciosa em todo e qualquer momento. É, também, aí que a tempestade irá acalmar.

 

É aí que o Sol irá espreitar, porque…
                                                                       O Sol não vê até o Céu limpar.