terça-feira, 6 de dezembro de 2011

"(...) É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver."

Margarida Rebelo Pinto


E enquanto esperar valer a pena...


Eu não vou a lado nenhum!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.... Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu pra sempre."






Miguel Sousa Tavares

sábado, 29 de outubro de 2011

E no momento exacto a consciência falou mais alto e...


"Depois da Tempestade vem a bonança!"

sábado, 15 de outubro de 2011

Morrer de sede em frente ao mar...

Apaga-se a luz. Fecho a porta atrás de mim. Desço as escadas e deixo para traz apenas o silêncio das palavras que ninguém ouviu, dos gestos que ninguém viu e o pulsar de um magnetismo que me desconsertou e me roubou o tempo que dei como perdido! A isto junta-se a vontade anunciada que eu já tinha de partir. Juntou-se o útil ao agradável por tanto!
Agora apercebo-me que provavelmente com o findar dos dias finaram-se também pedaços de mim! Morri um bocadinho em cada momento que sonhei, em cada loucura que cometi, em cada segundo que me prendi demasiado e em cada noite em que procurei a minha realidade!
Morre-se de sede em frente ao mar...sempre que aquilo que se considerou objectivo, não passa agora de um nevoeiro que já se foi.
Mas a vida continua! O tempo avança e eu avanço arrastada pela maré! Acordo, vivo o dia, depois contemplo a noite, voo pela madrugada e sonho como se não fosse acordar nunca mais!
Morre-se de sede em frente ao mar quando nos apercebemos que mesmo tendo corrido atrás da nossa meta...por um segundo ela nos escapou; ou quando nos apercebemos que afinal os nossos sonhos são sempre gigantes para serem projectados em coisas ou pessoas pequenas demais para os alcançar!

De algumas coisas eu tenho a certeza: vão haver sempre sonhos, vai haver sempre algo para construir e vai haver sempre alguém que venha destruir aquilo que construimos! Depois bate-se com a porta, deixa-se o silêncio para quem o queira ouvir e as palavras para quem as queira ler!




Compreenda-se que "Morrer de sede em Frente ao Mar" é apenas a metáfora que hoje me descreveu! Amanhã, provavelmente, não fará qualquer sentido. Mas as palavras também são metáforas e quem disse que elas não têm o seu sentido?!

sábado, 8 de outubro de 2011

Viciante!


As pessoas são viciantes! São equivalentes ao álcool ou ao tabaco..são drogas que não nos cansamos de ingerir, porque ficamos viciados nelas.
Habituámo-nos à presença dessas pessoas, convivemos e vivemos lado a lado com elas, fazem parte do nosso dia-a-dia, acompanham as nossas batalhas, caminham connosco, sorriam quando sorrimos, choram quando choramos e a determinada altura percebemos que já entraram na nossa vida e que foram ficando sem pedir licença. Habituámo-nos então aquela presença e quando damos por nós....já não lhes podemos fugir. Os seres humanos têm destas coisas! Mas nem tudo são rosas e muitas vezes acontecem divergências, porque cada um tem a sua maneira de agir e de pensar e felizmente não somos todos iguais.
E agora pergunto-me: São as relações entre os seres humanos que são complicadas? Ou somos nós, humanos, que as complicamos?
Não encontrei, ainda, a resposta para estas perguntas. Sei apenas que me vicio nas pessoas, como quem fuma um cigarro ou bebe um copo todas as noites. Elas -as pessoas - são pequenas drogas que são simultâneamente o meu mal e a minha cura!
São o meu mal porque perante a consciência do "vício" preciso de uma solução rápida para me "desviciar"...o que trás sempre algum desalento e desilusão...todos os vícios nos iludem! É inegável! Não me digam o contrário!
E são simultâneamente a minha cura porque preciso desse "vício" para sobreviver. Afinal o que é feito de nós se não houver ninguém à nossa volta?!

Eu só sei que estou numa luta constante contra os meus "vícios" a ocultar as tareias do passado, fazendo as pazes com o presente e ajustando ao meu mundo a velocidade com que vou viver o futuro!

Limites

É inegável que existem limites e barreiras para tudo. É também inegável que por muitas vezes se ultrapassa esses mesmos limites. E é por isso que precisamos de "pausas" para pensar e repensar se estamos a ir no caminho certo e se os limites de velocidade a que vamos não foram já excedidos. No meu caso concreto penso que já perdi a noção e ultrapassei-os todos, sem sequer me aperceber!


A vida é um processo muito rápido: é uma calma aparente, o tempo de uma frágil recordação...a intensidade do que se sente, equivalente ao pulsar de um coração.


E há muitas maneiras de viver - há quem viva a correr, há quem viva devagar, há quem passe pela vida e há ainda quem não viva nada por medo do que possa acontecer - eu optei por moderar a velocidade, porque dei por mim a conviver com os dias sem sequer olhar para eles. E quando dei conta o tempo tinha-me escapado por entre os dedos e o chão já me fugia debaixo dos pés.


Sobraram-me os sonhos e a esperança que comanda quase todas as vidas e tive uma sensação equivalente à de quem ia a 150km/h numa auto-estrada e fez marcha-atrás! Isto tudo porque não avaliei as causas nem as consequências dos meus actos, muito menos medi os estragos que poderiam acontecer e faltou-me o tal momento de reflexão.




Neste momento perdi-me numa "pausa" para redefinir os meus limites, para ponderar a que velocidade devo ir. Vou devagar porque já não tenho pressa, porque o tempo já não espera por mim e já não tenho nada que me prenda, nem nada que me impeça de ir...porque tudo se faz e se desfaz muito rapidamente...



"Foi como ir a 150km/h e fazer marcha-atrás..."

terça-feira, 27 de setembro de 2011

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."


Fernando Pessoa

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Deve Cansar Ser Herói!

Deve cansar ser Herói! Carregar nas costas o peso do mundo, o peso dos problemas dos outros. Querer resolvê-los como se dos seus problemas se tratasse.

Deve cansar ser Herói! Ser descrente no péssimismo e puxar sempre pelo lado positivo de todas as coisas.

Deve cansar ser Herói! Praticar sempre o bem, mesmo quando o bem nem sempre é a melhor solução. Não ser valorizado por acção nenhuma e ser sempre chamado a agir em caso de emergência. Para depois ser esquecido numa prateleira qualquer...porque os verdadeiros heróis só se encontram no endereço dos livros de banda desenhada, nos sonhos dos loucos ou nos filmes de acção.

Mas não é só no cinema que existem os bons e os maus da fita. Na vida real eles também existem. E nos filmes lá estão os hérois sempre presentes e prontos a salvar o mundo...


E eu fico à espera que um Herói

me tire deste filme...

que é a vida real.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Todos os meus sonhos cabiam na tua mão.

Estavam guardados nesse relicário.

Depois o sonho partiu-se de forma inesperada.

Ficaram os restos.

Como não tenho sapatos vermelhos, fiquei presa no tempo.

Encontrei uma lâmpada velha e, com esperança, esfreguei-a e pedi ao Génio três desejos.

Espero que se concretizem.


Todos os desejos são sonhos.


Afinal.


in Revista Egoísta

domingo, 28 de agosto de 2011

Estética da Indiferença

Perante cada coisa o que o sonhador deve procurar sentir é a nítida indiferença que ela, no que coisa, lhe causa.
Saber, com um imediato instinto, abstrair de cada objecto ou acontecimento o que ele pode ter de sonhável, deixando morto no Mundo Exterior tudo quanto ele tem de real — eis o que o sábio deve procurar realizar em si próprio.
Nunca sentir sinceramente os seus próprios sentimentos, e elevar o seu pálido triunfo ao ponto de olhar indiferentemente para as suas próprias ambições, ânsias e desejos; passar pelas suas alegrias e angústias como quem passa por quem não lhe interessa.
O maior domínio de si próprio é a indiferença por si próprio, tendo-se, alma e corpo, por a casa e a quinta onde o Destino quis que passássemos a nossa vida.
Tratar os seus próprios sonhos e íntimos desejos altivamente, en grand seigneur, pondo uma íntima delicadeza em não reparar neles. Ter o pudor de si próprio; perceber que na nossa presença não estamos sós, que somos testemunhas de nós mesmos, e que por isso importa agir perante nós mesmos como perante um estranho, com uma estudada e serena linha exterior, indiferente porque fidalga, e fria porque indiferente.
Para não descermos aos nossos próprios olhos, basta que nos habituemos a não ter nem ambições, nem paixões, nem desejos, nem esperanças, nem impulsos, nem desassossego. Para conseguir isto lembremo-nos sempre que estamos sempre em presença nossa, que nunca estamos sós, para que possamos estar à vontade. E assim dominaremos o ter paixões e ambições, porque paixões e ambições são desescuidarmo-nos; não teremos desejos nem esperanças, porque desejos e esperanças são gestos baixos e deselegantes; nem teremos impulsos e desassossegos porque a precipitação é uma indelicadeza para com os olhos dos outros, e a impaciência é sempre uma grosseria.
O aristocrata é aquele que nunca esquece que nunca está só; por isso as praxes e os protocolos são apanágio das aristocracias. Interiorizemos o aristocrata. Arranquemo-lo aos salões e aos jardins passando-o para a nossa alma e para a nossa consciência de existirmos. Estejamos sempre diante de nós em protocolos e praxes, em gestos estudados e para-os-outros.
Cada um de nós é uma sociedade inteira, um bairro todo do Mistério, convém que ao menos tornemos elegante e distinta a vida desse bairro, que nas festas das nossas sensações haja requinte e recato, e porque sóbria, cortesia nos banquetes dos nossos pensamentos. Em torno a nós poderão as outras almas erguerem-se os seus bairros sujos e pobres; marquemos nitidamente onde o nosso acaba e começa, e que desde a frontaria dos prédios até às alcovas das nossas timidezes, tudo seja fidalgo e sereno, esculpido numa sobriedade ou surdina de exibição.
Saber encontrar a cada sensação o modo sereno de ela se realizar. Fazer o amor resumir-se apenas a uma sombra de ser sonho de amor, pálido e trémulo intervalo entre os cimos de duas pequenas ondas onde o luar bate. Tornar o desejo uma coisa inútil e inofensiva, no como que sorriso delicado da alma a sós consigo própria; fazer dela uma coisa que nunca pense em realizar-se nem em dizer-se. Ao ódio adormecê-lo como a uma serpente prisioneira, e dizer ao medo que dos seus gestos guarde apenas a agonia no olhar, e no olhar da nossa alma, única atitude compatível com ser estética.


Bernardo Soares (Livro do Desassossego)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Loucos? Sim, loucos!

Loucos? Sim, loucos! Os que correm por causas nobres, esses que remam contra a maré em busca de algo nunca dantes encontrado. Esse algo que nem quem procura sabe bem aquilo que procura, nem o que poderá encontrar.
Loucos? Sim, loucos! Aqueles que sabem que a causa que os move é já à partida uma causa perdida. E mesmo assim mantêm a esperança firme de que a viagem não será em vão, de que essa causa por que lutam tenha um final feliz.

E quem é que os pode julgar? Sim, quem pode julgar esses loucos?
Quem pode sensurá-los por acreditarem no impossívelmente possível?
Quem pode por-lhes entraves no caminho?
Quem é que se atreve a dar luz aos olhos de um cego e dizer-lhe: "o pior cego é aquele que não quer ver!"?
Ninguém pode! Ninguém tem coragem de parar os loucos que têm causas a levar a cabo, objectivos por cumprir, sonhos por sonhar....Ninguém pode! Porque cada pessoa tem as suas causas, as suas batalhas e as suas metas. E existe sempre uma causa que nos move. Esse é o veículo que nos faz avançar e evoluir. E quando erramos devido a uma causa perdida é a esse erro que gostamos de chamar experiência de vida. E é desse erro que vão nascer muitas coisas...

Eu acredito nos loucos! Talvez porque também eu transporte comigo alguma quantidade dessa loucura - não em excesso, pois loucura a mais faz mal - porque eu própria corro por muitas causas. Algumas delas sei que são completamente inúteis e que não valem a pena o esforço, mas mesmo assim a minha loucura permite-me arrastar essa caminhada e ir definhando dia após dia com o desgosto com que vejo a meta afastar-se mais e mais e mais...nem tudo são rosas.
Não quero pensar nisso agora, não é a minha loucura que está em causa, muito menos as minhas alucinantes cruzadas diárias e os meus devaneiros bruscos e cegos de lucidez ávida de ser escrita nesta página em branco, como se de uma verdade indubitável se tratasse. Não! O que se trata aqui são dos loucos. Os loucos que se cruzam comigo, - ou que não se cruzam mas que eu sei que existem -, humanidade que anda por aí, que vive de causas, que luta por elas, que sem elas não teria vida e apenas vivesse porque os dias passam, esses que são heróis para muitos, pelo simples facto de não baixarem os braços e porque lutam, mesmo que isso não os leve a lugar algum (a não ser às ruas da amargura). Esses, como eu, não são loucos! Afinal são eles que fazem história, são eles os magníficos...

Loucos? Sim, loucos! Deixá-los ser! Deixá-los sonhar! Deixá-los amar!
Deixem-nos viver...mesmo com a loucura válida de causas inimagináveis ou incompreensíveis. Porque de causas todos nós vivemos, com ou sem a loucura dos que vivem a sonhar e dos que sonham a viver...

sábado, 20 de agosto de 2011

Marte? Talvez...

Por vezes, em certos dias, sinto que o tempo dói. Assim como as feridas que este não me chegou a sarar. São dias em que os fantasmas do passado me voltam a assombrar, em que sinto os pensamentos demasiado desarrumados na minha cabeça. Dias em que as questões mal resolvidas que me rodeiam me vêm atormentar. São dias em que me desencontro e penso que que não pertenço aqui, que este não é de todo o meu lugar, o meu mundo. E o único sítio para onde posso fugir é longe...
Marte talvez fosse uma boa solução! Talvez fosse um bom escape. Mudo de Planeta e tudo se resolve! Ou não! Porque para onde quer que eu vá os problemas, ou as questões, vão comigo.

Que dias e noites estas em que não me apetece ouvir se não o silêncio, e tudo o que me dão são frases, textos, conversas e contextos...não quero ouvir!
Que dias e noites estas em que não me apetece ver se não as paredes do meu quarto e tenho de encarar rostos, muitos rostos e cruzar-me com uma multidão...não quero ver!
Que dias e noites estas em que não me apetece sentir nada a não ser o cheiro da maresia que uma leve e suave brisa me traz e tudo aquilo que me dão são sabores e aromas que me transportam para lugares e pessoas que teimo em não me lembrar! Ah...não quero sentir!

Que raio de dias e de noites em que só sou eu, realmente eu, quando escrevo estas palavras. Estas palavras que por agora descrevem na perfeição tudo aquilo que sinto. Elas que vêem com os meus olhos, que sentem o que eu agora sinto, que sabem que choro por dentro quando sorrio por fora. Apenas palavras que me compreendem quando isso é tudo o que peço! Quando elas são tudo o que tenho.

Marte? Talvez fosse uma boa solução! Fugiria para lá se pudesse e não mais voltava.
Levava as minhas palavras comigo bem como o silêncio que trago em mim. Não teria de ouvir nada, não ver nada nem ninguém e mais que isso não sentir nada. Marte? Sim. Marte talvez me obrigasse a nada sentir. E quando nada se sente...nada se pensa e tudo deixa de existir. E é disso que eu preciso agora. Porque quando acordo...a realidade dói e quando adormeço...os sonhos atormentam-me...

Estas palavras são agora desabafos que hoje, aqui e agora fazem pleno sentido. Mas se amanhã Marte já não for a minha solução...estas palavras já não significarão nada...



Serão simplesmente desabafos.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Os Meus Pedaços de Outrém



Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que digo nunca é o que digo e sim outra coisa, capta essa outra coisa que na verdade digo pois eu mesma não posso. E deixa-me ouvir o que não ouço (…) que é qualquer coisa que não posso ouvir senão em segredo e que talvez não seja nada, porque o silêncio não tem fisionomia mas as palavras muitas faces.
Mergulho na multidão para afogar o grito do meu próprio silêncio, pois o único silêncio que perturba é aquele que fala – apesar de que – mais vale um silêncio certo, que uma palavra errada, num mundo onde qualquer um pode zangar-se – isso é fácil, pois o difícil é zangar-se com a pessoa certa, no momento certo, na justa medida, pela razão certa e da maneira certa. É com o coração que vemos claramente; o que é essencial é invisível aos olhos.

De quem é o olhar que espreita pelos meus olhos? Quando penso que vejo, quem continua a ver enquanto estou a pensar? Por que caminhos seguem, não os meus tristes passos, mas a realidade de eu ter passos comigo? Não. Não digas nada. Supor que o dirás, a tua boca velada é ouvi-lo já. É ouvi-lo melhor do que o dirás. O que sou não vem á flor das frases e dos dias. Eu sou melhor que Eu. Não quero dizer nada, quero Ser. Cansa sentir quando se pensa.

Enquanto o silêncio arquitectava planos não compartilhados, ele tinha momentos ocasionais de silêncio que tornavam a sua conversa um verdadeiro prazer, mas quando nada é dito, nada fica combinado. O tempo que perdemos pela vida a correr, o tempo que perdemos a sonhar que é chegar e vencer, ele nunca quis saber, nunca quis acreditar, que eu iria partir, não podia cá ficar. Nunca quis escutar, muito menos quis ouvir, o meu silêncio que avisava a intenção de não voltar. Voei pra lhe dizer, sonhei pra o esquecer, pois eu sei que ele não vai parar pra eu crescer. Eu sei, esperei demais. Seus lábios diziam que amava, e o seu olhar, inacessível por detrás da visão e do que se deixa ver, dizia que de ódio se tratava. O amor foi começado, mas o ideal não acabou, quem o tenha alcançado, não saberá o que alcançou. Temos de nos perder, para nos encontrar.

Contemplo o que não vejo, pois o que me dói não é o que há no coração, mas sim essas coisas lindas que nunca existirão… são formas sem forma que passam sem que a dor as possa conhecer ou o amor as possa sonhar ou ver, e de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos julgando ser donos das coisas, dos instantes, e dos outros. E comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre, e esta verdade? -Não pertence a ninguém, mas tão somente a quem seja capaz de a entender, pois a verdade mora no silêncio que existe em volta das palavras, onde não há a sedução da clareza nem os enganos do óbvio.
A vida é uma comédia para aqueles que pensam e uma tragédia para aqueles que sentem, ‘dá-me’ um homem que não seja escravo das suas paixões, e eu trá-lo-ei no coração do meu coração. Há muitos barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarques onde se esqueça aquilo que se quer esquecer.

Nos confins do silêncio encontrarei o meu espaço, e passo a passo nele fundarei o meu lugar, onde tudo terá o seu certo valor, até mesmo o vazio interior que brota no silêncio da tristeza de um amor iludido e não correspondido. Pois eu aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e por estranho que pareça estou grata a esses professores.O tempo é um momento para nunca mais, o tempo mesmo agora fez a terra girar e sem demora traz as ondas do mar. O tempo que se inventa quando nunca se é capaz, o tempo é um carro novo sem marcha-atrás. E a morte chegará cedo, pois breve é toda a vida, o instante é o arremedo de uma coisa perdida.

Os meus Pedaços de Outrem:
“O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”

Texto construído por: Ana Rita Cunha (losT)
P.S: Obrigado por me autorizares a sua publicação =)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Mantém-te Original!

Pratica a Coragem. Sem qualquer medo ou receio. Sem te desviares de quem és! Nunca te arrependas do que fizes-te, porque mal ou bem, está feito. Mais vale arrependeres-te daquilo que não chegas-te a fazer!
Vai para a direita quando todos vão seguir pela esquerda. Vai contigo! Sê livre, sê feliz! Acredita em ti e confia no teu instinto, no que a tua intuição te ditar.
Não tentes ser outra pessoa, porque isso nunca irá acontecer. Porque tu és tu. Ponto final. Por isso nunca deixes nada por fazer. E diz o que sentes, o que te vai na alma.



Pratica o sorriso! Porque sorrir é meio caminho andando para estares de bem com a vida.

Dorme descansado. Pratica o sonho! Porque sonhar é um motor que te move.

Pratica o abraço, o carinho e a partilha. Pratica também a liberdade.

Pratica a loucura, o devaneio e o manifesto. Luta por aquilo em que acreditas, ficares aí parado não vai fazer com que as coisas venham ter contigo!

Vive todos os momentos, como se o amanhã não existisse. E não penses muito, porque pensar, por vezes, atrapalha tudo.




Então...


Pratica o que só em ti existe e que é ráro nos outros! Pratica quem tu realmente és! Só assim te manterás original!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Desassossego

A profundidade da noite e a imensidão do seu silêncio tráz-me inspiração e obriga-me a escrever aquilo que a voz calou e o que o pensamento teima em não deixar pensar. O reflexo da lua resvala sobre o mar...brilha, reflecte...faz-me divagar.
E divago...devagar porque não tenho pressa, porque o relógio parou, porque tenho todo o tempo do mundo, se o tempo me der o tempo a que eu tenho direito!

Tenho um mundo de sonhos por sonhar e tantos outros por cumprir. Não penso muito no dia de amanhã nem faço planos, porque a vida se vai encarregar de os mudar e de não me fazer cumpri-los.
Tenho o mundo à cabeceira e as mãos cheias de nada. Um vazio que se completa com os dias que sopram os pedaços do mundo que se partiu dentro de mim. E depois trago comigo um desassossego inútil que me tira o sono e um misto de sensações que eu desconhecia que existissem! São sentimentos novos, com um sabor que eu não sei decifrar, e tenho vontade de arriscar. E o que vem depois? Não sei!

Aqui e agora, alheia a tudo e a todos, sinto que tudo o que me rodeia é meu! Meu e só meu! O silêncio, a paz e o brilho que só a noite tem! Pelo menos que não me roubem tudo isto! Todo este sossego inquietante que eu sinto e não consigo entender, todo este cruzar de linhas que me trouxe de volta à Terra...este desassossego que me trouxe ao sangue calor. Um fernesim que me acorda e me faz adormecer, que me dá vida e que eu não quero perder.


Resta-me, então, vivê-lo! Viver calmamente o desassossego que os dias e as noites me trazem...

terça-feira, 19 de julho de 2011





"Vocês, que sofrem,
porque amam,
amem ainda mais.
Morrer de amor é viver dele."




Luís Manuel Nicolau - Nicola Lovers

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Lógica (As)Simétrica das Coisas


Perco-me sempre nas voltas e reviravoltas que a vida dá e me faz dar! Perco tempo desnecessário a desmistificar cada acontecimento, cada gesto, cada acto e cada pessoa que se cruza comigo. Desfaço-me em investigações até perceber se o chão que piso é seguro ou se vou dar algum passo em falso.
Estou sempre tão ocupada à procura de respostas para as minhas dúvidas infindáveis e para os meus devaneios sem nexo...sempre a tentar decifrar se aquele ou aquela pessoa é suspeito, culpado ou inocente, que nem me apercebi que existe um planeta de possibilidades, que o mundo não pára, que o tempo avança e que eu tenho de avançar também, sem olhar para trás! Deixar que o passado fique lá atrás submerso no tempo, sem que isso me incomode, viver o dia de hoje como se não houvesse amanhã e não esperar pelo futuro, porque não sei o que isso me irá trazer! E muito sinceramente...também não quero saber!

Sempre me disseram que "tudo acontece por uma razão" e que a lógica das coisas fica para algum físico ou matemático desvendar. Então porque é que eu ei-de querer respostas para quase tudo? Mas porque é que eu só complico tudo aquilo que já de si é simples?

Entender que a vida nos faz mudar de ideias, mudar de opinião e que as coisas são o que são e como são...porque sim! Perceber que o que hoje é mau, amanhã já pode ser bom. Que aquilo que hoje para mim faz sentido, amanhã pode já não significar nada. Que a vida não é perfeita nem simétrica mas que podemos mudar o rumo das coisas se assim o quisermos. Permitir que tudo siga o seu caminho ao sabor do vento...com ou sem lógica...Sim!

Sim! Porque não?

Lado a Lado



Há gente que espera de olhar vazio
Na chuva, no frio, encostada ao mundo
A quem nada espanta
Nenhum gesto
Nem raiva ou protesto
Nem que o sol se vá perdendo lá ao fundo

Há restos de amor e de solidão
Na pele, no chão, na rua inquieta
Os dias são iguais já sem saudade
Nem vontade
Aprendendo a não querer mais do que o que resta

E a sonhar de olhos abertos
Nas paragens, nos desertos
A esperar de olhos fechados
Sem imagens de outros lados
A sonhar de olhos abertos
Sem viagens e regressos
Outro dia lado a lado

Há gente nas ruas que adormece
Que se esquece enquanto a noite vem
É gente que aprendeu que nada urge
Nada surge
Porque os dias são viagens de ninguém

...

Aprende-se a calar a dor
A tremura, o rubor
O que sobra de paixão
Aprende-se a conter o gesto
A raiva, o protesto
E há um dia em que a alma
Nos rebenta nas mãos

segunda-feira, 20 de junho de 2011

"O que há em mim é sobretudo Cansaço"


O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...



Álvaro de Campos

terça-feira, 14 de junho de 2011

Palavras? Leva-as o Vento!

Existem, sem dúvida, muitos tipos de palavras, mas seguramente nenhumas que me façam voltar a acreditar nelas próprias!
Há palavras bonitas que nos tocam, que nos marcam para sempre, palavras que nos movem, que brilham no escuro e no olhar de quem as lê, palavras que nos inundam, que desatam o desejo, o gosto...o beijo! Existem palavras sinceras, sentidas, outras que, perdidas, vagueiam por aí. Palavras que se dirigem a nós, por muito que lhes queiramos escapar, palavras que nos rodeiam, que nos cercam e prendem aqui e ali. No fundo estas são palavras bonitas...apenas isso.

As palavras comuns de quem faz poesia, de quem reinventa formas de viver,de quem regressa sempre um dia, de quem é ilusionista da escrita e deslinda versos retirados do fundo de sonhos. Palvras que servem para fazer sorrir. Foram nestas que deixei de acreditar e deixei de as escrever. Faltava-me sempre a inspiração para colocar as palavras certas no enquadramento perfeito contendo sempre um fundo de verdade...um pedaço de mim.

Mas existe também, como em tudo na vida, o outro lado das palavras. Há palavras que nos magoam, que nos desiludem, que nos desarmam, que nos destroem...que nos matam! Mesmo que não matem por fora, matam pedacinhos de nós por dentro.
Existem palavras capazes de desencadear o ódio, a raiva, a loucura. Palavras que ateiam o fogo da guerra, que alimentam a revolta e a dor, que nos desferem golpes duros, capazes de abrir feridas que demoram anos a sarar.

E com palavras se mente, se ilude e desilude e se magoa alguém. Já não acredito nas palavras! Ou talvez deva dizer que deixei de acreditar em algumas pessoas que diziam certas palavras. Estas não têm culpa de serem ditas ou escritas, a culpa é sempre de quem as usa e de quem lhes dá uso indevido. Talvez seja nas pessoas que eu deixei de acreditar. Não em todas, mas em muitas sim.
Mas as palavras a mim já não me dizem nada! Porque palavras? Leva-as o Vento! E o que é que resta depois disso? Restam as acções! Resta o mau ou bom caractér de quem as pratica!

Já apreciei palavras bonitas, bem como acreditei que estas dizem sempre a verdade, mas enganei-me! Hoje já não me iludo com poemas e palavras bonitas, já não as vejo brilhar no escuro nem as sinto no meu olhar como outrora senti.
E o que me resta então? Resta-me esperar que a inspiração me invada e que as palavras não fiquem perdidas nem por dizer. Resta-me escrevê-las, ainda que nem sempre elas transmitam tudo aquilo que estou a sentir.

Resta-me esperar que as palavras me encontrem e que voltem cheias de verdade e de honestidade....

porque...Palavras Bonitas?

Leva-as o Vento!