segunda-feira, 2 de março de 2009

Viagem à Terra do Nunca


Começa com uma manhã cinzenta, com um toque, com o despertador. Não há planos nem agenda, não há viagem, não há carro nem condutor. Só o horizonte, o infinito e o seu esplendor!
Espreito pela janela, não há sol, é cedo e vou devagar. Saiu para a rua quase sem destino, numa partida sem hora para chegar.
Lentamente caminho e vou...sem pressa, sem horas, só eu e só a minha companhia. Na mente tenho o espaço idealizado, o percurso (mesmo sem saber se é o certo ou o errado), e as gentes que não vou esquecer nunca, que não saem da cabeça, que estão gravadas devido à marca que deixaram, quase sem se aperceber. Então continuo caminho e dá-me gozo pensar que não estou sozinha, que ainda estão todos comigo...eternos amigos, eternas memórias, eternas companhias, eternas glórias e..unicamente disso se trata, de recordações eternas...mais nada e nada mais!
Continuo a viagem e com a distracção dos pensamentos, esqueci-me por breves momentos do que percorri e de que forma cheguei até aqui. Sei no entanto que estou perto, que falta pouco e que estou quase a chegar.
Por entre frases, palavras, letras, horas, minutos e segundos, rimas suaves, ritmos leves, reflexos, luzes, gritos, risos e pequenas outras coisas...tudo faz eco dentro da minha cabeça por esbarrarem uns nos outros sem saberem em que gaveta se arrumar. Sinto que estou confusa e que nem um mapa me consegue guiar-me na rota correcta.
Mais um passo, mais um minuto, mais uma expressão sinistra, mais um olhar vazio e eu que não encontro um atalho para lá chegar.
Já cansada do duro caminho e de tanto que percorri...finalmente encontrei o que procurava! A Terra do meu sonho, a Terra (da noite perdida e deserta) onde quero ficar, se não for para toda a eternidade, que seja para sempre enquanto eu aqui quiser ficar!
Nesta Terra encontrei dias quentes de Sol, sorridente, noites longas e profundas, encontrei a Paz que só aqui poderia encontrar. A ponte que imaginei, as casa velhas em volta, as janelas cor de prata, os jardins em volta e o gigantesco mundo feio à escala da minha modesta imaginação que por muito que queira não consigo encontrar palavras para a descrever!
Quero apenas mais tempo aqui, mais uma noite, mais um passo, mais um momento que dure para a eternidade, mais disto, mais daquilo, mais, mais e mais disto e daquilo e de tudo o resto...
Uma coisa é certa...eu estava a sonhar! No fundo a ilusão do meu sonho falou mais alto e eu deixei-me levar! Tudo isto não existe na realidade. Não passou tudo de uma noite; uma noite em que quis fugir de tudo, em que talvez tenha pensado esquecer quem sou, quem quero ser, uma noite em que me quis refugiar bem longe do meu mundo e caminhar na direcção de uma Terra fantasma que nunca existiu!
Acordo!
A luz da noite encandeia-me e mostra-me a dura realidade que não quero ver. Dali a horas é mais um dia que começa, a mesma rotina...os mesmos planos...Não tarde anoitece e talvez eu volte a "fugir", um outro sonho, uma outra viagem e mais uma Terra perdida e do Nunca...

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