quinta-feira, 4 de abril de 2013

Gestos Consumidos

Os gestos consumidos e repetidos,

Os olhos de um castanho quente, ardentes e inundados de brilho,

As pestanas longas, fixas no redor que sou apenas eu…

Pele sobre pele e os dedos entrelaçados, a tua mão na minha,

O fogo que insiste em queimar sem se ver, em arder sem se fazer notar, faz-nos querer mais e mais…

As mãos já não vêem onde tocam, já conhecem todos os caminhos, já sabem onde todos irão dar.

Nestes momentos não existe tempo, as horas apagam-se, os minutos desaparecem e os segundos deixam de contar. O planeta desliga-se e não existe mais vida à nossa volta: a flora e a fauna extinguem-se, o Sol consome-se e a Lua simplesmente apaga-se. Não há luz, não há som, não há mais nada. O Universo resume-se a duas pessoas: tu e eu.

A minha pulsação dispara e sinto que a qualquer momento o meu coração pode parar, é aí que sinto ainda mais o teu toque, sinto os teus dedos a apertarem cada vez mais a minha mão, fecho os olhos e amarro-me mais em ti, como se não houvesse amanhã, como se o oxigénio fosse terminar a qualquer momento.

Amarramo-nos sem cordas e ficamos atados à realidade do momento, os nossos lábios tocam-se suavemente, espelhando a ternura que todo o nosso corpo explode. Os nossos olhares cruzam-se e sinto que o calor do fogo, que insiste em queimar, quase queima as nossas gargantas, quando os lábios se juntam mais e se perdem um no outro.

A gravidade passa a zero, quando subimos acima da estratosfera e deixamo-nos envolver mais e cada vez mais, um no outro. Sinto-me hipnotizada perante a tua presença e sinto que também eu tenho um efeito magnetizante sobre ti. Nesse momento passa-me pela cabeça, que juntos percorremos um número infinito de constelações, sem sequer sair do mesmo lugar.

Perdemos todos os extras desnecessários: os medos, os complexos e todas as dúvidas e os nossos corpos há muito tempo que estão unidos, como se fossem apenas um. As mãos fazem com que os gestos se consumam e consequentemente as nossas pulsações aumentam, o ritmo cardíaco detona como se de uma bomba atómica se tratasse, as mãos percorrem os dois corpos, como se estes fossem mapas prestes a serem explorados, os olhos abrem e tu olhas-me com carinho. Sinto-te perto, quente. Sinto-me ciente da realidade, por segundos, sinto o fogo ardente do resto dos gestos, a febre desta alucinação com um misto de loucura, ternura e amor. Sinto-me bem. Tu abraças-me, envolves-me mais, os teus braços cercam-me e ao mesmo tempo as minhas mãos não permitem que te afastas nem um milímetro de mim. Falas baixinho, ao meu ouvido. Eu escuto-te, dou-te um sorriso e devolvo-te uma resposta, também ao teu ouvido. Interpreto os teus sorrisos e devolvo-tos. Os beijos repetem-se, abraçamo-nos consecutivamente e sentimos que pertencemos um ao outro. Não existe ninguém que consiga igualar o que sentimos neste momento.

Lentamente a realidade volta a existir, insistimos em que ela se faça sentir lentamente, nenhum de nós quer afastar-se. O tempo começa a restabelecer-se: segundos, minutos e horas. A gravidade volta e a vida na Terra faz-se sentir. Era apenas ilusão nossa.

Os gestos voltam a consumir-se e eu vejo os olhos castanhos quentes cruzarem os meus. Envolvemo-nos num abraço ternurento e confortante, onde não me importava de ficar para toda a vida. Pudesse o tempo parar para eu poder permanecer assim até à eternidade.

 Nesse momento tu aproximas os teus lábios do meu ouvido e dizes-me baixinho: “Amo-te”…

P.S: Eu respondo-te: “E eu Amo-te a ti!” 

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